31 de mar. de 2013

Dezembro de 1995


Essa deve ser a décima ou a nona vez que tento te escrever alguma coisa. As tentativas sempre acabam na lata do lixo, elas nunca ficam suficientemente boas, sempre existem imperfeições e eu sou extramente chato com essas coisas. Mas eu ainda não desisti. Saberás disso se essa conseguir sair melhor que as outras.

Por enquanto, as coisas vão bem. Não, não tô mais falando de cartas. Tô falando da vida em geral, caso você esteja se perguntando. Continuo trabalhando no mesmo lugar, ganhando o mesmo salário, mas me mantendo bem com ele. Ah, comecei a pintar. Quer dizer, comecei a ter aulas de pinturas. Tudo ainda parece brincadeira de criança, mas a professora me disse que é sempre assim no começo, depois as coisas melhoram.

A casa continua azul, mesmo eu querendo muito pintá-la de verde. Os móveis são os mesmos, a única coisa diferente é um quadro novo na sala. É uma fotografia que a Ana me mandou. Sabe como as fotos da Ana são sempre lindas, né? Agora, na sala, tem uma garotinha asiática correndo na beira de um lago com um balão vermelho na mão. Ana me disse que a menina corria pra mãe, toda empolgada em mostrar o balão que o pai havia comprado. A foto exala felicidade e contamina grande parte da sala. Ficou mais agradável agora.

Mas chega de mim. E por aí? Como andam as coisas? Estás comendo melhor? E o Renato, ainda se metendo em problemas? Responde o mais rápido que puder porque meu telefone parou de funcionar, preciso comprar outro.

Fica bem e dá sinal de vida.
Douglas.

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