Dirty Girl (2010) |
Durante essas noites de greve, já
que não durmo cedo mesmo, resolvi aumentar meu arcabouço cinematográfico,
assistindo um filme toda noite. Devo dizer que, até agora, tem valido muito a
pena. Eu não costumava mais fazer isso, apenas assistia a algum com amigos ou
indo ao cinema, o que pouco acontecia. Mas agora redescobri meu gosto por
filmes, de diversos gêneros, e ando bastante feliz com os que tenho assistido.
O último foi Dirty Girl (2010), que conta a história de Danielle, uma
menina criada por uma mãe solteira, que sempre quis conhecer seu pai. Ambientado
nos anos 60, ela resolve ir até a Califórnia atrás do velho e leva junto seu
amigo Clarke, que foge dos pais que não aceitam sua homossexualidade.
O filme tem tudo para ser mais um
daqueles besteiróis americanos, de um grupo de amigos que pega a estrada em
busca de alguma coisa – ainda mais com Danielle sendo, como o nome do filme sugere, uma vadia. Confesso que ele é bem assim em algumas partes, mas não
posso negar que ele é um ótimo filme, principalmente em te conduzir do
besteirol ao exemplo de boa atuação e ótimo roteiro. E isso é tão verdade que
passei os últimos 30 minutos do filme chorando copiosamente. A cena do
reencontro de Danielle com o pai é tão angustiante que a gente sofre junto com
a coitada. Mas é melhor vocês assistirem para saberem (ou não) do que eu falo –
um aplauso pra Milla Jovovich, que faz o papel da mãe de Danielle e saiu um
pouco daquele estilo Residente Evil de ser e mostrou que sabe atuar.
Mas o ponto dessa crônica é o meu
choro. E o meu riso, depois. O filme terminou e eu continuei chorando,
aproveitando a deixa da emoção pra chorar por outras coisas, outras histórias,
outras pessoas. Fazia tempo que eu não chorava. E eu percebi que precisava
disso quando eu finalmente parei de chorar baixinho embaixo do edredom e me
senti melhor. Sensação boa de colocar não importa o que pra fora. Tirar um peso
das costas, chorar pelo que não foi chorado, chorar pelo que estava guardado e
não deveria mais estar.
Melhorei e não consegui dormir.
Não eram nem 3 da manhã, é claro que eu estava sem sono. Hora de pegar o livro
de cabeceira. Montanha-russa, Martha Medeiros. Presente de aniversário do Gustavo. Eu gosto do jeito que a Martha escreve, um jeito mais despojado e corriqueiro de escrever. Quase
uma conversa. E em umas das suas crônicas, não pude conter o riso. Eu ri, um
pouco contido pra não acordar o resto da casa, mas eu ri. Uma daquelas crônicas
com a qual você pode relacionar a algo que te aconteceu, concordar com ela e
pensar “mas não é que é exatamente assim mesmo?”. Pois essas coisas acontecem
mesmo, com a Martha, comigo, com você.
Não, não importa qual era a crônica. O
que importa é o meu riso e essa montanha-russa que é viver: uma hora você
chora, em outra você ri, um hora você chora de tanto rir e em outra você não
consegue expressar reação alguma. Coisas da vida. Aliás, esse é o título de
outro livro da Martha. Ela entende do assunto.
Um comentário:
Ainda bem que a vida é uma montanha-russa,senão jamais valorizaríamos aqueles pequenos momentos de felicidades porque eles seriam constantes.
A graça de tudo é isso, chorar quando der vontade, mas saber que depois a felicidade voltará.
Ps. Vou na tua casa roubar todos esses filmes que estás baixando \o/
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