15 de jun. de 2012

Montanha-russa


Dirty Girl (2010)
Durante essas noites de greve, já que não durmo cedo mesmo, resolvi aumentar meu arcabouço cinematográfico, assistindo um filme toda noite. Devo dizer que, até agora, tem valido muito a pena. Eu não costumava mais fazer isso, apenas assistia a algum com amigos ou indo ao cinema, o que pouco acontecia. Mas agora redescobri meu gosto por filmes, de diversos gêneros, e ando bastante feliz com os que tenho assistido. O último foi Dirty Girl (2010), que conta a história de Danielle, uma menina criada por uma mãe solteira, que sempre quis conhecer seu pai. Ambientado nos anos 60, ela resolve ir até a Califórnia atrás do velho e leva junto seu amigo Clarke, que foge dos pais que não aceitam sua homossexualidade.

O filme tem tudo para ser mais um daqueles besteiróis americanos, de um grupo de amigos que pega a estrada em busca de alguma coisa – ainda mais com Danielle sendo, como o nome do filme sugere, uma vadia. Confesso que ele é bem assim em algumas partes, mas não posso negar que ele é um ótimo filme, principalmente em te conduzir do besteirol ao exemplo de boa atuação e ótimo roteiro. E isso é tão verdade que passei os últimos 30 minutos do filme chorando copiosamente. A cena do reencontro de Danielle com o pai é tão angustiante que a gente sofre junto com a coitada. Mas é melhor vocês assistirem para saberem (ou não) do que eu falo – um aplauso pra Milla Jovovich, que faz o papel da mãe de Danielle e saiu um pouco daquele estilo Residente Evil de ser e mostrou que sabe atuar.

Mas o ponto dessa crônica é o meu choro. E o meu riso, depois. O filme terminou e eu continuei chorando, aproveitando a deixa da emoção pra chorar por outras coisas, outras histórias, outras pessoas. Fazia tempo que eu não chorava. E eu percebi que precisava disso quando eu finalmente parei de chorar baixinho embaixo do edredom e me senti melhor. Sensação boa de colocar não importa o que pra fora. Tirar um peso das costas, chorar pelo que não foi chorado, chorar pelo que estava guardado e não deveria mais estar.

Melhorei e não consegui dormir. Não eram nem 3 da manhã, é claro que eu estava sem sono. Hora de pegar o livro de cabeceira. Montanha-russa, Martha Medeiros. Presente de aniversário do Gustavo. Eu gosto do jeito que a Martha escreve, um jeito mais despojado e corriqueiro de escrever. Quase uma conversa. E em umas das suas crônicas, não pude conter o riso. Eu ri, um pouco contido pra não acordar o resto da casa, mas eu ri. Uma daquelas crônicas com a qual você pode relacionar a algo que te aconteceu, concordar com ela e pensar “mas não é que é exatamente assim mesmo?”. Pois essas coisas acontecem mesmo, com a Martha, comigo, com você. 

Não, não importa qual era a crônica. O que importa é o meu riso e essa montanha-russa que é viver: uma hora você chora, em outra você ri, um hora você chora de tanto rir e em outra você não consegue expressar reação alguma. Coisas da vida. Aliás, esse é o título de outro livro da Martha. Ela entende do assunto.

Um comentário:

Amanda Campelo disse...

Ainda bem que a vida é uma montanha-russa,senão jamais valorizaríamos aqueles pequenos momentos de felicidades porque eles seriam constantes.
A graça de tudo é isso, chorar quando der vontade, mas saber que depois a felicidade voltará.
Ps. Vou na tua casa roubar todos esses filmes que estás baixando \o/