7 de dez. de 2012

Miguel,

sei que, nesse momento, tu não sentirás minha falta como tu sentirias três meses atrás, mas mesmo assim resolvi não ir embora sem te dar alguma explicação. Sim, estou indo embora. Deves ter noção dos motivos, mas posso escrevê-los – o que dói bem menos que falar. As coisas mudaram, pouco a pouco, e hoje somos bastante diferentes do que fomos um dia. Mudar é normal, eu sei, a vida é assim, mas a nossa mudança, o que mudou dentro de cada um, não consegue suportar um relacionamento do jeito que o nosso precisaria ser. Não foi culpa de ninguém, eu acho. Foi só uma mistura de tempo e coincidências (ou destino, como você denominaria).

Pode me chamar de covarde ou de qualquer outro termo similar, eu fui mesmo. Já foi preciso coragem suficiente pra fazer o que eu estou fazendo, com certeza não conseguiria te dizer cara a cara. Eu desistiria na hora e choraria feito uma criança, implorando pra que as coisas voltassem ao que eram antes, quando tudo parecia perfeito e eterno. Pelo menos algum aprendizado e boas lembranças nós podemos tirar disso. Foi lindo, eu realmente não queria que acabasse, mas acabou.

Só espero, sinceramente, que sejas feliz, do mesmo modo como eu vou buscar felicidade parecida ou maior do que vivi contigo. Obrigado por tudo, pelos beijos, pelos abraços, pelos olhos abertos, pelo choro, pelo sexo, pelo silêncio – obrigado por ter existido na minha vida. Nunca vou te esquecer. Se puderes, não esquece de mim. Mas agora é melhor cada um tentar ser feliz com outras pessoas, talvez em outros lugares (como o meu caso). Enfim, ser felizes como não temos sido nesses três últimos meses.

Ainda te amo e com certeza sempre serás especial pra mim. As chaves estão onde eu costumava deixá-las todas as manhãs antes de sair pro trabalho. As coisas boas eu levo comigo, aonde eu for. Fica com um pouco delas também.

Photo: weheartit

2 comentários:

Amanda Campelo disse...

Tentando como sempre descobrir para quem foi a indireta, porque sou paranoica e ninguém poderá me julgar!
Ótimo texto!

Nati Pereira disse...

(In)felizmente chega uma hora que temos que partir se nada temos mais para fazer ali, se já ensinamos e aprendemos o suficiente com aquela pessoa. A despedida nunca vai ser boa, vai ser sofrida, bonita de tão poética, mas não bonita de querer se lembrar a todo momento. Lembramos de todos os momentos bons vividos, menos do fim. Viva ao recomeço. Beijo