13 de fev. de 2013

Nunca mais será igual


Photo: weheartit
Às vezes, enquanto o sono anda perdido por algum outro andar do prédio, eu abro a janela e deixo o vento entrar. Ele chega frio e conduz minha mente pelas indagações do dia que acabou, das aspirações futuras e as estradas do meu passado.

Hoje foi dia de olhar pra atrás e imaginar um presente diferente. Um presente em que ela ainda estivesse aqui. Provavelmente estaria do meu lado, deitada na cama, me contando alguma história que lhe aconteceu uma vez há muito tempo. E eu acreditaria em cada palavra que ela me dissesse, mesmo em todas as vezes que a vida dela estava por um fio, mas ela sempre saia viva. Era uma contadora nata, puxou ao pai.

Quando chegava a noite e ela não me contava uma história sequer, mesmo com um sorriso no rosto, eu sabia que algo não estava bem. Era aí que eu intervia e fazia o que ela chamava de mágica: abria os ouvidos e o coração. Às vezes ela falava mais do que se estivesse contando uma de suas histórias, mas eu não me importava de dormir às três da manhã. Eu não conseguiria dormir bem sabendo que ela não dormiria bem. Queria vê-la dormindo o sono dos anjos e foda-se meu descanso.

Ouvia até o fim pra só depois começar a falar. Falava o que ela queria e não queria ouvir, da melhor forma possível, até ela finalmente perceber. Ela era tão criança por dentro, tão ingênua ainda. Talvez chorava, às vezes entendia e reagia bem. Então um beijo de boa-noite-eu-te-amo e o sono tranquilo, o dela e o meu, o nosso.

Faz tempo que eu não durmo o sono daqueles tempos. Às vezes acordo no meio da noite, procurando por não sei o quê. Ou às vezes nem durmo. Hoje, com certeza, eu não durmo. Não depois de a lembrança dela ter invadido cada pedaço do meu cérebro. Hoje sou dela quase como eu era todas as noites antes dela partir. Só falta ela aqui pra ser igual. Nunca mais será igual.

2 comentários:

Cecília B. disse...

=(

Dani disse...

Que lindo e triste ao mesmo tempo.
É tão difícil quando alguém assim vai embora da nossa vida, fica um vazio e é complicado recomeçar tudo novamente. Mas a gente consegue...

Beijos