A todas as pessoas que dançam comigo,
seja dentro ou fora do palco.
Começa um dia antes. O aviso no celular te lembra que
já é amanhã, o professor dá as últimas dicas durante a aula e aí o sentimento
vai ficando cada vez mais forte. O dia chega e eu já acordo naquela expectativa
boa, empolgante, contagiante. Tem outros assuntos pra resolver antes do momento
acontecer? O sentimento não vai embora, continua lá. Por mais que eu me
distraia por algum tempo, nunca parece que é tempo suficiente pra esquecer
aquele formigamento no fundo do estômago – claro, um formigamento bom, não gastrite
(ainda).
E o tempo vai passando, a hora vai chegando e eu fico
relembrando tudo o que eu tenho que fazer na hora. O que eu preciso tá comigo? Não
esqueci nada? Ah, então tudo certo, é só chegar e fazer o meu melhor. Quer
dizer, fazer o meu melhor e esperar que os outros também façam os seus. Porque
eu não tô sozinho nessa. Felizmente. Fica mais fácil e divertido dividir essa
ansiedade pré-apresentação. Como será que o público vai reagir? Será que eles
vão prestar atenção nessa parte, que foi pensada exatamente pra que eles fiquem
impressionados? Eles vão ficar impressionados? Eles vão gostar? A gente vai gostar?
Um milhão de coisas na cabeça antes de entrar no palco. E às vezes tudo o que
você consegue fazer é rir feito bobo. Rir de você mesmo, do outro, com o outro.
Uma espiadinha pela coxia (quando ela existe, claro) pra ver
a plateia: quem são os rostos pra quem eu vou dançar dessa vez? Sim, alguns já
são familiares, que reconfortante! Mas tem gente nova, sempre tem. Ainda bem.
Novidade pra eles que vão ver a coreografia pela primeira vez e novidade pra nós,
que vamos ter que fazer com que esse público novato sinta tudo o que a gente
sentiu durante a construção do número. E esse calor no corpo não existe só
porque é preciso se aquecer antes de entrar no palco. Ele já tá lá desde o
momento em que a gente sabe que vai fazer uma das coisas que mais gosta
de fazer na vida: dançar.
Photo: Túlio Veríssimo |
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