Aquele gosto impregnou por mais
de uma semana. Comeu coisas estranhas, escovou os dentes, bebeu vinho, mas o gosto
continuava ali. Juntamente com o gosto, a lembrança dela. Da boca macia, dos
lábios rosados, da pele suave, dos olhos cor de mel, do cabelo negro; a garota
sem nome. Nem importava muito, na opinião dele. Já tinha muita coisa dela pra guardar
na lembrança, o nome era coisa pouca. Tudo estava guardado, impregnado como o gosto
da língua dela na dele.
Era gosto de quero mais, gosto de
quem sabia muito bem o que estava fazendo quando se aproximou dele. Aquele gosto
era de menina grande que oscilava entre sonho e realidade, mas sabia o que
queria, muito bem, obrigada. E naquela noite, ela o quis. Ele a quis. Ela
deixou seu gosto na boca dele e ele sabia que muitos caras já tinham sentido o
mesmo que ele. Não que importasse agora, mas o pensamento cruzou a mente. Ela
se entregara inteiramente pra ele naquela noite. Ao menos foi o que pensara
durante alguns minutos depois de tê-la.
Ele, infelizmente, não sabia do
fato mais importante sobre a tal moça. Ela não era de ninguém. Era dela
própria, às vezes nem isso. E naquele momento, em que a boca dela encostou na
dele e seus corpos se encontraram, ele não a possuía. Ela não era nenhum
objeto, afinal de contas.
Um comentário:
Temos um ao outro em momentos, de tempos em tempos, bem que poderia ser sempre. Beijos
Mundo de Nati
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