15 de out. de 2014

Tê-la


Aquele gosto impregnou por mais de uma semana. Comeu coisas estranhas, escovou os dentes, bebeu vinho, mas o gosto continuava ali. Juntamente com o gosto, a lembrança dela. Da boca macia, dos lábios rosados, da pele suave, dos olhos cor de mel, do cabelo negro; a garota sem nome. Nem importava muito, na opinião dele. Já tinha muita coisa dela pra guardar na lembrança, o nome era coisa pouca. Tudo estava guardado, impregnado como o gosto da língua dela na dele.

Era gosto de quero mais, gosto de quem sabia muito bem o que estava fazendo quando se aproximou dele. Aquele gosto era de menina grande que oscilava entre sonho e realidade, mas sabia o que queria, muito bem, obrigada. E naquela noite, ela o quis. Ele a quis. Ela deixou seu gosto na boca dele e ele sabia que muitos caras já tinham sentido o mesmo que ele. Não que importasse agora, mas o pensamento cruzou a mente. Ela se entregara inteiramente pra ele naquela noite. Ao menos foi o que pensara durante alguns minutos depois de tê-la.

Ele, infelizmente, não sabia do fato mais importante sobre a tal moça. Ela não era de ninguém. Era dela própria, às vezes nem isso. E naquele momento, em que a boca dela encostou na dele e seus corpos se encontraram, ele não a possuía. Ela não era nenhum objeto, afinal de contas.

Um comentário:

Nati Pereira disse...

Temos um ao outro em momentos, de tempos em tempos, bem que poderia ser sempre. Beijos

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