3 de jun. de 2011

Água

Parece que vai chegar um dia em que estarei vazio de ideias. E esse dia parece cada vez mais perto. É como se algo (ou seria eu mesmo?) me privasse de usar boa parte do meu potencial e acabasse criativamente limitado. Pode até ser meio paranóia, mas não sou o único doido nesse mundo maluco. (...) Eu tenho medo. Pra ser mais exato, tenho medo de muitas coisas. Mas é melhor especificar aqui - deixa as outras pra outros textos, pra ter algo sobre o que escrever, pelo menos.

Me sinto tão pouco... É como se me faltasse muito, uma grande parcela do que eu deveria ser. É um quase-vazio. E a ideia de que eu possa permanecer assim - ou pior, esvaziar o co(r)po ainda mais - me assusta muito; eu acabo me desesperando, em silêncio. 

(...) Eu 'tô dentro de uma grande piscina e a borda é bem mais alta que eu. Mas a piscina não está vazia: existe água até meus tornozelos; só que não há indícios de que a água está subindo, ou que possa subir. E o que eu mais quero é me afogar, é não conseguir respirar, é encher meus pulmões de água quando eles procuram ar - pouco me importa se respirar água límpida.

Não vejo ninguém do lado de fora que possa encher a piscina e, ao invés de água, começo a nadar em um mar de desespero, denso e pegajoso. E, para não me afogar nesse líquido viscoso, eu me abaixo, pego nas mãos um pouco da pouca água da piscina e passo pelo meu corpo, pra suprir a necessidade de hidratação, pra não ressecar. Mesmo que não haja sol forte, sinto minha boca seca. E mais um medo me aflige: o de, na agonia, eu beber um pouco da água do mar do desespero. Tudo pra matar minha sede.

Um comentário:

fabiana s disse...

tem de ser um passo demasiado grande..
que lindo texto, como sempre*