25 de jul. de 2012

Luzes


Photo: weheartit

Quando eu começar a trabalhar e ganhar meu próprio dinheiro, ter o suficiente pra viver sozinho, sem depender de pai nem mãe, o primeiro lugar onde quero morar é em um apartamento. Sei de toda aquela história da casa própria e eu também quero ter a minha, mas eu preciso da experiência de viver em um apartamento. É por causa do meu gosto pelas luzes.

Quero poder chegar em casa do trabalho, tirar os sapatos, jogá-los pela sala sem me importar muito onde eles vão estar, abrir a geladeira, procurar alguma coisa pra beber – qualquer coisa, refrigerante, cerveja, vinho, água – e depois ir até a janela.

Não quero morar em um apartamento com vista para a baía ou algum lugar naturalmente bonito, onde exista muita natureza, muito verde. Eu quero edifícios, quero ruas, quero movimento. Quero ver as luzes de cada apartamento acesa, as luzes dos carros lá embaixo, o barulho das ruas. Mas principalmente as luzes dos arranha-céus.

Uma luz acesa é uma história. E eu poderia passar horas imaginando quais seriam elas, quais os personagens, onde se passam, seu desenrolar. Estar acordado às três da manhã, sem sono e com um monte de coisa pra fazer, ir até a janela, me debruçar e ficar imaginando como vive aquela pessoa daquela luz lá longe. Aquela luz acabou de apagar, será que foi dormir? Pode ser um casal, então será que foram se divertir um pouco ou a relação já se desgastou e cada um vira para um lado da cama e apenas dorme? E essa daqui de perto, será que está acesa a essa hora porque não está com sono como eu ou porque tem filho pequeno pra cuidar? E essa luz que acabou de acender, quem será que chegou em casa? Será que voltava de uma festa ou chegava de uma viagem?

São tantas possibilidades que eu poderia ficar horas e mais horas escrevendo a história de cada luz que se acende toda vez que o sol se põe.

5 comentários:

Gustavo Ferreira disse...

MEU DEUS! SOU EU!

Amanda Campelo disse...

Tenho o mesmo desejo, imaginar as histórias escondidas em cada luz acesa. Mas acho que qualquer dia ia no apartamento vizinho cheretar de verdade e perguntar: Quê tavas fazendo acordado às 3h da madruga? Inda mais se o vizinho fosse gatoTÁ PAREI!
Ótimo texto, Nan!

Mah Jardim disse...

MEU DEUS! SOU EU! [2]
Eu morava em prédio até 2010, só que no segundo andar de um prédio de três. Eu ficava assim mesmo na janela, olhando para as pessoas indo e vindo. O mais legal era que eu morava atrás do Terminal Rodoviário, então eu via monte de gente chegar à cidade todos os dias e ficava imaginando o que elas vinham fazer aqui.
Adorei o texto (:

Mayara Costa disse...

Cada luz têm sua história. Cabe a cada um a vontade de desvendá-la, lê-la, descobrí-la. Por isso os curiosos são mais felizes! Adorei e me identifiquei com teu texto, Nan! *-*

Nati Pereira disse...

Não precisa ser casa própria, pode ser apartamento próprio. Adoro apartamentos, afinal vivi a minha vida inteira dentro de um, sinto mais segurança em apartamento do que em casa. Parece que em casa, a qualquer momento alguma coisa de ruim vai acontecer, vão assaltar, arrombar...

Beijo